Tempo
Pelos dias fora, vejo-te ir em círculos como os ponteiros que ameaçam horas iguais, amores desencontrados e desejos carnais. São 14.41h e também nós em capicua nos entendemos, direitos ou do avesso. Deitados no sofá, os silêncios deixaram de nos constranger como há uns meses, em frio só as mãos se tocam e está tudo bem. Vejo agora de que se trata este enfeitiçar que dizem vir anexado ao amar, são esses teus olhos de ternura e alguma confusão e as estórias que me contas sem pontos, nem parágrafos, quanto mais segredos. A estas horas apetece-me sorrir para ti, de tão bonito que és, tu e as nossas memórias de passado e presente, que num segundo debaixo das mantas te pinto em poesia para um futuro, onde um somamos ao outro. Só te quero feliz, penso mas não digo, longe ou comigo, saberás sempre ver-me na face aquilo que sinto.
22 Novembro 2020